Fale-se daquilo que importa: ninguém esqueceu o flagelo dos incêndios que assomou Portugal no ano de 2017. Estão bem presentes na memória de todos – e, mais do que lamentá-los, há que pôr mãos à obra para evitar que algo semelhante se repita.
Em outubro do ano passado, a zona de Tondela foi uma das mais afetadas do país. Segundo o diretor do Departamento de Engenharia Informática, João Cardoso, “um dos grandes problemas é não existir um cadastro florestal completo e rigoroso do território de Tondela, a indicar a quem pertence cada território”.
Tendo em mente este obstáculo e a urgência de o superar, um grupo de estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) uniu esforços com a Câmara Municipal de Tondela e daí nasceu o “Floresta Segura” – um projeto que pretende ajudar a identificar proprietários de terrenos a necessitar de limpeza através de uma app.
Este estudantes estiveram em Tondela, acompanhados pelo Grupo de Intervenção Prevenção e Socorro (GIPS) da Guarda Nacional Republicana (GNR), onde visitaram os locais afetados pelos incêndios de 15 e 16 de outubro de 2017.
A premissa prende-se com otimizar o trabalho do GIPS da GNR, através de uma aplicação móvel para identificação dos proprietários dos terrenos com necessidade de limpeza. Também deverá servir para a recolha e armazenamento de informação relevante (como o tipo e densidade de vegetação, fatores que afetam a probabilidade e velocidade de combustão do terreno) – tudo com o objetivo maior de prevenir futuros incêndios da magnitude dos que aconteceram no passado.
Gonçalo Leão, estudante responsável pela “Floresta Segura”, garante que o objetivo é “desenvolver o máximo de funcionalidades possível, mas privilegiar a qualidade do produto final”. Quanto a datas, o estudante afirma que “Os primeiros resultados que poderemos apresentar estão esperados para o final do mês de maio” .
A equipa conta com 11 estudantes (vindos de Engenharia Informática e Computação, Multimédia, Engenharia de Serviços e Gestão da FEUP, Design de Comunicação da Faculdade de Belas Artes) e ainda 47 integrados na equipa da APPly (que pretendem desenvolver soluções de software em diversos âmbitos e para outros projetos).
A orientar todo o ambicioso projeto está Ademar Aguiar, professor na FEUP especializado em Engenharia de Software.
De destacar que Gonçalo Leão, membro desta equipa, foi um dos vencedores deste ano do Prémio Incentivo (que distingue os melhores estudantes do 1.º ano de cada faculdade da Universidade do Porto). De momento a realizar Mestrado Integrado em Engenharia Informática e Computação da Faculdade de Engenharia (FEUP), o estudante teve a média mais alta – 19,75 em 20 valores – de entre o leque dos 22 estudantes premiados este ano.
[Foto: Notícias Universidade do Porto]