Estás na reta final do teu curso… e agora? Como é que te podes destacar na procura de um emprego? Como é que te podes preparar e, afinal, o que é que o mercado de trabalho procura em ti? A Mais Superior vai ajudar-te a perceber como é que te podes distinguir e promover no mundo profissional.
O que procura o mercado de trabalho?
Depois dos estudos feitos, vai chegar a altura de te atirares de cabeça na procura por um emprego na tua área. Para te ajudar nesta missão, fomos perceber o que procura atualmente o mercado de trabalho num candidato. Para tal, estivemos à conversa com Margarida Dias, Diretora de Recursos Humanos da EY, uma empresa de auditoria e consultoria.
Nas palavras de Margarida Dias, “há pelo menos um aspeto que começa a ser notório no mercado em geral e que a EY já vem perseguindo há muito tempo: a valorização das competências comportamentais, sociais e colaborativas – as chamadas soft skills – na seleção e recrutamento, e que normalmente eram esquecidas ou mesmo desprezadas.” São, portanto, competências que se tornam cada vez mais procuradas nos jovens que hoje se candidatam a um emprego e que, juntamente com tantas outras, fazem com que te destaques dos restantes.
Mas não são apenas estas características que vão fazer de ti um candidato “ideal”. A EY, como empresa global e integrada, dá muita importância a pessoas que “tenham ou adquiram rapidamente um mindset global”, através de “experiência e conhecimento de outros países, outras culturas e outros mercados”. Acima de tudo, a EY procura integrar uma pessoa que “demonstre integridade, respeito e espírito de equipa, com energia, entusiasmo e coragem para liderar, e que construa relações baseadas em fazer sempre o que é correto”.
E não é apenas a EY que procura este tipo de características e competências nos seus candidatos.
A The Talent City (TTC) é uma empresa de consultoria da Jason Associates, que procura nos jovens “disponibilidade para aprender, motivação, responsabilidade, que saibam trabalhar em equipa e capacidade de resolução de problemas”, nas palavras de Luis Rosário, Business Unit Manager da TTC. No entanto, também concorda que “a atração de talento está cada vez mais vinculada a aspetos extracurriculares”, pois atualmente “60% das empresas não acredita que as instituições de ensino preparem adequadamente os jovens para o mercado de trabalho, pelo que os drivers de recrutamento e seleção são agora alavancados pelas competências, talentos e experiência de vida dos candidatos, deixando de ter como critérios principais a média e o curso”.
Como podes ver, as competências curriculares deixaram de ser o foco principal, para darem lugar a outras habilitações, capacidades e experiências. Além disso, e de acordo com Luis Rosário, as empresas procuram e valorizam “candidatos com experiência internacional, seja profissional, académica ou pessoal, com contacto com causas sociais e voluntariado, e candidatos envolvidos com associações, startups e iniciativas”, onde desenvolvem não só as famosas soft skills, mas também conhecimentos de outros mundos e de outras línguas.
E porque é isto importante? Porque “um profissional é tanto mais rico quanto mais histórias tiver para contar”. A frase é de Gonçalo Simões, Partner & Recruitment Leader da Deloitte, uma empresa de consultoria. Para a Deloitte, “um dos principais pilares é a diversidade”, pois um candidato “é tanto mais interessante quantas mais qualidades acrescentar ao seu conhecimento técnico”. Tal como nas restantes empresas, também aqui é valorizada a “capacidade de trabalhar em equipa, de comunicar com os outros, de resolver problemas ou de gerir o tempo da melhor forma”, sendo estas competências “potenciadas desde muito cedo”.
Como me posso destacar da restante concorrência?
Tiago Sousa integra a empresa Próvida, que comercializa produtos naturais e saudáveis, e acredita que, atualmente, os jovens “já não entram nas empresas para fazer uma função específica e sobretudo rotineira”, pelo que são procurados “talentos que pensem bem, independentemente do background académico”. A “adaptabilidade e a polivalência” são traços muito valorizados pelas empresas nos dias de hoje.
E de que forma te podes destacar quando te candidatas a um emprego? De acordo com Tiago Sousa, “um bom marketing pessoal, um perfil de Linkedin diferente e, sobretudo, um processo de candidatura criativo são elementos chave de diferenciação”. Para esta empresa, a vertente extracurricular toma grande importância, bem como a “demonstração de autoconhecimento”.
Para te “venderes” da melhor forma perante os teus potenciais empregadores, não te podes esquecer de ser tu própri@! De acordo com Tiago Sousa, “não só é fácil apanhar as mentiras nas entrevistas, como o dia a dia é implacável na revelação de quem és”. Por isso, o melhor que tens a fazer é “apresentar os teus talentos, o que mais gostas de fazer e as áreas da empresa onde podes acrescentar valor”, adianta. E para isso é fundamental fazeres uma pesquisa prévia antes da entrevista!
Segundo Tiago Sousa, o perfil de um candidato vai, no entanto, divergir de empresa para empresa. Mas, se fores humilde, resilente, se trabalhares bem em equipa e tiveres vontade de aprender, “terás lugar em muitas empresas de hoje”.
Da mesma opinião partilha Maria João Antunes, da Pessoas@2020 – no Centro das Decisões, uma plataforma que visa colocar as pessoas no topo da agenda de quem decide nas empresas, na economia e na política. Esta profissional acredita que “as organizações querem trabalhar com jovens ambiciosos, dinâmicos mas também com disponibilidade para as necessidades da empresa”, uma vez que “o compromisso empresarial é cada vez mais valorizado”. Atualmente, “as empresas procuram o máximo que o mercado lhes possa facultar, ou seja, pessoas bem formadas, ambiciosas, inteligentes, responsáveis, perspicazes mas também com alguma inquietude para potenciar a inovação”, adianta.
E nesta fase, “a personalidade e a postura individual é muito importante”, porque “não existe experiência profissional na qual o recrutador se possa apoiar ou obter referências de um passado profissional de um jovem recém-formado”. Assim, outras competências e características tomam força, como “o modo como um jovem responde a um anúncio, como elabora um CV ou a postura que revela numa entrevista” que acabam por se tornar fontes de informação para o entrevistador, de acordo com Maria João Antunes.
Isto porque, como sabes, a formação académica não é tudo, e torna-se cada vez mais fundamental que tenhas “interesses além dos estudantis e dos profissionais”.
Se ainda tens dúvidas sobre como te “venderes” perante uma empresa, o Gonçalo Simões, Partner & Recruitment Leader da Deloitte, explica-te como o podes fazer:
“Agarrando a vontade de ir sempre mais além, superar as expetativas e apresentar resultados surpreendentes. Dedicação e foco são aspetos essenciais que devem marcar o percurso académico e profissional, assim como a permanente procura de conhecimento.”
Perfil “ideal”: Será que existe?
Astúcia, inteligência, curiosidade, sentido crítico, interesse por novos desafios e trabalho em equipa são algumas das competências sociais que, juntamente com um percurso académico exemplar, a Deloitte e tantas outras empresas procuram nos seus talentos. As diferentes experiências de vida tornam-se cada vez mais relevantes e fundamentais no mercado de trabalho.
Luis Rosário acredita, no entanto, que “não existe um perfil tipo de candidato”, sendo que é possível distinguires-te da restante concorrência se “souberes interligar a tua história passada com a tua ambição futura, suportada pelo talento que tens para disponibilizar ao serviço do propósito da empresa a que te candidatas”. Ou seja, independentemente do teu curso ou profissão, “se tiveres uma vida rica, acreditares que podes acrescentar valor e souberes contar a tua história com fit à empresa, é certo que te destacas”, adianta. E embora não haja um perfil certo e comum a todas as empresas, existem algumas características cruciais para o mercado de trabalho em geral. A plataforma Pessoas@2020 – no Centro das Decisões, pela voz de Maria João Antunes, deixa-te algumas pistas importantes, para que possas ter uma ideia daquilo que o mundo profissional espera de ti:
- Ter uma formação académica adequada;
- Ser disponível para aprender, para viajar e claro apresentar disponibilidade de horário;
- Revelar forte sentido de responsabilidade;
- Mostrar ambição, mas q.b., sem passar por cima de ninguém;
- Ser dinâmic@, bem-dispost@ e positiv@;
- Ser curios@ e estar atento para te manteres atualizad@;
- Sentir paixão pelo que pretendes fazer.
Ele conseguiu…
Ninguém melhor para te aconselhar do que quem já passou pela experiência e conseguiu vingar no mundo profissional. Tiago Cipriano tirou o curso de Engenharia Eletrotécnica no Instituto Superior Técnico e confessa que, embora tenha encontrado emprego rapidamente, alguns dos seus colegas “procuraram durante alguns meses”.
Para o Tiago Cipriano, entrar no mercado de trabalho foi “quase como um voltar a aprender”, uma vez que “o que se faz e como se faz nas empresas é muito diferente, e sentes dificuldade em perceber onde é que algumas das coisas que estudaste vão ser úteis”. Neste sentido, e de acordo com a opinião do Tiago Cipriano, a solução passa por uma maior proximidade entre universidades e empresas, de modo a esbater a acentuada diferença que se faz sentir entre estes dois mundos.
No entanto, este alumni teve sucesso na entrada para o mundo profissional, e acredita que ter tirado um curso no IST o “ajudou a abrir a porta”. Mas é claro que o sucesso não se deve apenas à formação académica: “o meu perfil confiante e vontade de demonstrar valor também foi valorizado”, adianta.
Para o Tiago Cipriano, tanto a formação como o currículo não perdem valor, pois “o curso mostra que o meu percurso académico foi exigente, e o que fiz no passado pessoal e profissional enriquece”. Percebeu até que “mostrar os meus sucessos e o que gosto é importante”.
E deixa-te um conselho:
“Investe na preparação das entrevistas, escolhe empresas onde gostarias mesmo de trabalhar, e faz pesquisa prévia. Mostra o melhor que tens, pois só assim te podes destacar.”
Como é que me posso preparar?
A The Talent City, na voz de Luis Rosário, deixa-te com um conjunto de dicas essenciais para a tua preparação, no que à entrada no mercado de trabalho diz respeito:
- Trabalha o autoconhecimento: define quem és, que talentos tens e como os deves apresentar;
- Define um caminho de desenvolvimento, de modo a saberes para onde e por onde queres que a tua vida profissional evolua;
- Faz um bom marketing pessoal: transpõe para as redes sociais e profissionais o que és e o que te move do ponto de vista profissional e pessoal;
- Prepara-te previamente: treina entrevistas, faz testes e prepara dinâmicas de grupo;
- Mantém um acompanhamento próximo, de modo a perceberes quais são os processos mais importantes para a empresa, e poderes ser criativo nas abordagens e no follow up;
- Aceita apenas os projetos que te fazem “brilhar os olhos”, para que possas ser feliz e, com isso, fazer mais e melhor, durante mais tempo.
Além de tudo isto, e de acordo com Margarida Dias, podes ainda recorrer à “web e às várias escolas que dão dicas e informações sobre este tópico”. No entanto, “a informação não basta”, e é essencial que tenhas os teus objetivos bem definidos, seja a curto ou médio prazo, tendo sempre em conta “o que gostas ou gostarias mais de fazer”. Estes aspetos, segundo Margarida Dias, tornam-se “essenciais na autopreparação”.
Para te ajudar nisto, a EY desenvolve programas de Mentoring, junto dos estudantes das Universidades parceiras da empresa, que pretendem “facilitar este exercício de reflexão pessoal, para o qual nem sempre os jovens estão muito despertos, mas que é determinante para o sucesso pessoal e profissional”.