Se pudesses escolher alguém, nacional e internacional, para trabalhares num projeto, quem escolherias?
Internacional diria o Ricky Gervais ou o Sacha Boron Cohen. Nacional… eu diria o Herman José. Nunca contracenei com ele, mas sempre foi uma pessoa muito acessível, participou com depoimentos num documentário sobre os Kalashnikov, uma brincadeira da altura. Ele tinha um programa em que, quando os Homens da Luta ganharam o Festival da Canção, nos convidou para lá irmos, e fez um sketch a fazer de nós… uma das minhas maiores honras, senti que se fechou um ciclo. Eu quando era miúdo via o Herman, e vê-lo a fazer algo sobre mim… foi um momento único. Gostava de fazer algo com ele, mas fora da comédia.
Se agora te cruzasses com o Nuno de 18 anos, o que é que um diria ao outro?
Eu ia tentar que o Nuno de 18 anos não perdesse tanto tempo como eu perdi, dizia-lhe, “segue a tua cena”. Para mim foi um processo que veio da educação, os meus pais começaram a trabalhar muito cedo e são de uma geração diferente. Foram gerações que não tiveram um acesso à cultura e às oportunidades que eu tive, e não me souberam educar para isso. Para a minha mãe, quando decidi ser artista, foi um desgosto, era bom aluno e ela queria que eu fosse advogado ou engenheiro. Foi um handicap. Sempre tive uma boa ética, sempre cumpri e consegui ter e manter uma boa relação com as pessoas do meio, mas a confiança para isso demorou a vir por causa da educação. O Nuno de 18 anos olhava para mim e dizia, “estás velho, estás maduro… é do sal grosso” (risos).