O Game Dev Técnico, o clube de Estudantes do Instituto Superior Técnico lançou o jogo COVIDA, um jogo baseado na realidade pandémica atual que incorpora as indicações da Direção Geral da Saúde (DGS).
Neste jogo o objetivo é contribuir para a diminuição da propagação da pandemia, adotando comportamentos preventivos e atuar com a consciência de que todos somos agentes da saúde pública.
A Mais Superior entrevistou o Game Dev Técnico para nos explicarem em que consiste este jogo e de forma esta ideia foi colocada em prática e contamos-te tudo sobre este jogo.
MS – Como surgiu a ideia da criação do jogo sobre a COVID-19?
GDT – A ideia de criar o jogo nasce sobretudo da vontade dos vários elementos da equipa de contribuírem de alguma forma para esta batalha. Os membros da equipa canalizaram as suas capacidades para ajudar a desenvolver um jogo que pretende sensibilizar a sociedade civil sobre a importância da distância e isolamento social. Depois de algumas sessões onde discutimos as várias propostas, decidimos não fazer um jogo sobre a COVID-19, mas sim um jogo para contribuir no combate ao COVID-19. Assim, e além de incluir a temática no jogo, a equipa decidiu criar mecânicas e dinâmicas que capazes de criar um ambiente para que os jogadores aprendam boas práticas para fazer frente a esta pandemia.
MS – Em que moldes se inspiraram para a criação do jogo? Em que consiste?
GDT – O jogo é fortemente inspirado na realidade, na medida em que foram incorporadas várias diretrizes da DGS no jogo, bem como a experiência pessoal dos elementos da equipa nas primeiras semanas de pandemia, nomeadamente no que toca ao distanciamento social e ao confinamento.
O jogo decorre num mundo virtual semelhante ao nosso: cada jogador controla uma pessoa que começa em casa, isolada, e que deve satisfazer um conjunto de necessidades básicas, nomeadamente a sua energia e bem-estar mental. Para se manter saudável e bem alimentado, o jogador terá de gerir os respetivos indicadores tomando certas decisões que incorrem risco de contração do vírus, como sair de casa para ir ao supermercado comprar bens essenciais ou socializar com outros jogadores. Esse risco, embora iminente, pode ser reduzido através de ações como levar bens essenciais a outros jogadores e evitar sobrelotar o hospital; ou aumentado caso o jogador não cumpra um certo distanciamento social dos outros jogadores quando sai de casa. Do mesmo modo, se o jogador se aproximar demasiado de outros jogadores, corre o risco de os contagiar. Perante este risco, o jogador pode deslocar-se ao hospital para realizar um teste, onde poderá recuperar se estiver infetado.
Mais do que agir unicamente em prol da sua sobrevivência, o jogador deve exibir comportamentos pró-sociais em prol da sobrevivência de todos. Se no COVIDA são estes os comportamentos que nos ajudam a ganhar o jogo, na vida real são os mesmos que nos ajudarão a conter os efeitos da pandemia e a salvar vidas.
MS – Como decorreu o processo desde a ideia até à criação?
GDT – O principal objetivo do COVIDA é sensibilizar a população em geral para o cumprimento das boas práticas de combate ao vírus pandémico focando a dinâmica de jogo no distanciamento e consciência social. Uma vez que, para esse efeito, o jogo teria mais impacto quanto mais cedo fosse lançado, a equipa levou cerca de um mês a desenvolver uma versão inicial do jogo, desde o conceito à publicação da mesma. Houve vários desafios técnicos e a versão aquando do lançamento ainda requeria trabalho, mas foi decidido lançar uma versão alfa a 30 de abril que fosse fiel ao conceito idealizado, com as funcionalidades essenciais previstas e sem que se comprometesse na experiência de jogo.
MS – Quais os objetivos a curto e a longo prazo?
GDT – Pouco depois do lançamento, a equipa incorporou feedback do público no sentido de melhorar o jogo e a experiência para os jogadores. No entanto, uma vez que os membros da equipa de desenvolvimento têm outros compromissos académicos, o projeto teve de ser suspenso. Nos últimos meses, os membros do Game Dev Técnico, o clube de estudantes que desenvolveu o jogo, tem-se focado em expandir a sua equipa através de um recrutamento que trouxe 21 novos membros. Inicialmente, não esperávamos que a pandemia se estendesse durante tanto tempo. Visto ainda fazer sentido sensibilizar a população para as boas práticas, que entretanto já foram alvo de ajustes informados por novos estudos, alguns dos novos membros incorporarão este projecto para refletir o novo conhecimento e melhorar a jogabilidade do COVIDA.
MS – Em relação ao feedback por parte do público foi o esperado?
GDV – Este foi o primeiro projeto maturo do Game Dev Técnico e surgiu devido à urgência de sensibilizar a população em relação a boas práticas de distanciamento e consciência social. Todo o investimento da equipa do COVIDA, composta por apenas 3 programadores, focou-se no desenvolvimento. Dada a escassez de recursos para a produção do jogo, o esforço a nível de divulgação foi negligenciado a favor de um lançamento mais célere. Assim, o número de jogadores que experimentou o COVIDA não foi tão elevado como esperávamos, mas a sua participação permitiu-nos identificar lacunas e potenciais melhoramentos para o jogo que será o foco de alguns dos membros que se juntam agora a nós no início do novo ano letivo.
MS – Conseguiram obter apoio por parte da Direção-Geral da Saúde?
GDT – Embora não se tenha concretizado, o GameDev gostaria de ter tido o apoio e o selo de confiança da Direção-Geral de Saúde em relação ao COVIDA, uma vez que houve uma preocupação por parte da equipa de incorporar muitas das indicações oficiais propostas pela entidade de saúde no jogo.
MS – Em que plataformas é possível encontrar o jogo?
GDT – O jogo está disponível para jogar em qualquer browser em computadores fixos ou portáteis.