Uma investigação da Universidade de Aveiro concluiu que uma das maiores fontes de abastecimento de água da Área Metropolitana de Lisboa pode estar comprometida devido aos incêndios que deflagraram em 2017.
Diana Vieira e Marta Basso são as investigadoras que concluíram que o facto de os incêndios de 2017 terem devastado uma parte da bacia hidrográfica do Rio Zêzere, cujo as águas alimentam a barragem de Castelo de Bode, pode estar a afetar a qualidade da água, em Lisboa.
“A qualidade de uma das maiores fontes de abastecimento de água da Área Metropolitana de Lisboa pode estar seriamente comprometida”, pode ler-se num nota enviada à redação pela Universidade de Aveiro.
Segundo Diana Vieira, “o aumento da concentração de sedimentos e nutrientes poderá levar ao chamado algae bloom, que corresponde a uma rápida acumulação de algas na barragem, processo vulgarmente denominado de eutrofização”.
A mesma cientista conclui que “as simulações demonstraram um aumento substancial na resposta hidrológica e erosiva, assim como um aumento na concentração de nutrientes, representando um potencial risco de eutrofização, deficiência de oxigénio e redução da biodiversidade”.
O alerta das cientistas do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro tem como base o trabalho de simulação hidrológica realizado em colaboração com Tiago Ramos e Marcos Mateus da Universidade de Lisboa.
Diana Vieira explica ainda que os impactos só se sentem nos custos do tratamento de água ou em episódios de interrupção de distribuição.
Para minorar os danos da qualidade da água, a investigadora aconselha a aplicação de tratamentos de mitigação dos efeitos dos incêndios em áreas da bacia hidrográfica que sejam mais sensíveis à erosão do solo.