As conclusões de um estudo liderado por David Vaz, da Universidade de Coimbra (UC), e Gaetano Di Achille, do Instituto Nacional de Astrofísica de Itália (INAF), apresentam novos dados sobre as implicações climáticas, hidrogeológicas e astrobiológicas dos depósitos sedimentares deltaicos em Marte.
O referido estudo, publicado na revista científica “Earth and Planetary Science Letters” concluiu “uma grande parte dos depósitos anteriormente identificados no planeta vermelho não é de origem deltaica (os deltas formam-se pela acumulação de sedimentos transportados pelos rios), ao contrário do que a comunidade científica defendia”.
Os investigadores analisaram 60 depósitos sedimentares de diferentes zonas de Marte e verificaram que apenas 30% são realmente deltas, também conhecidos como depósitos associados a ambientes subaquáticos e que consequentemente indicam de facto a existência de lagos e de uma maior quantidade de água.
“A maioria deles terá uma origem diferente, tendo-se depositado em ambientes principalmente subaéreos, ou seja, existiram menos lagos do que se pensava em Marte”, afirma David Vaz, investigador do Centro de Investigação da Terra e do Espaço (CITEUC) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).
Para o investigador português, as conclusões deste trabalho são um contributo importante para futuras missões espaciais.
O estudo sugere ainda que muitos dos possíveis lagos anteriormente identificados como tal devem ser reanalisados.
“A formação dos verdadeiros deltas poderá ter sido mais limitada no espaço e no tempo”, sublinha David Vaz.