Viaja com o João Amorim, um jovem de 28 anos, que é viajante profissional, content creator, fotógrafo de viagem e travel influencer.
O meu nome é João Amorim, tenho 28 anos e partilho as minhas viagens e experiências em @followthesuntravel.
Vou-vos contar a história de como viajar mudou a minha vida. Sim, eu sei, é um cliché. Mas por alguma razão o é.
Com 18 anos, ao acabar o secundário, tomei mesma decisão que todos vocês que estão a ler isto tomaram: escolher um curso superior. Parecia uma decisão lógica e óbvia: era bom aluno, queria um “futuro estável”, ter uma boa profissão… enfim, todas essas coisas que nos dizem e que temos com certas. Mas faltava-me o mais importante:
SABER O QUE REALMENTE GOSTAVA E O QUE QUERIA FAZER!
Não tinha a resposta a essa pergunta, mas decidi na mesma: entrei em bioquímica.
”Porquê?”, perguntas tu. É uma pergunta difícil de responder. Talvez por falta de noção, por pressão da sociedade, por ser o que nos dizem ser correto e muito por falta de maturidade em entender a importância da decisão que estava a tomar. Hoje somos forçados a decidir coisas para a nossa vida inteira com base na idade, quando a idade pouco tem a ver com a maturidade.
QUANTOS DE VOCÊS ESTÃO NA MESMA SITUAÇÃO?
A verdade é que entrei em Bioquímica. Fiz a licenciatura e o mestrado. Deixei-me levar pelo dia-a-dia, pelas experiências fixes que vivia na Universidade, pelas festas, viver sozinho… não pensava muito no futuro e tudo parecia estar a correr bem. Até que comecei a trabalhar. E foi aí que “caiu a ficha”! Só 5 anos depois de ter entrado na Universidade, quando já tinha acabado os estudos e estava pronto para o mercado de trabalho, é que tive maturidade para entender a importância da decisão que tinha tomado 5 anos antes. E só quando caí na realidade é que me apercebi que eu não gostava nada, mesmo nada, do que estava a fazer!
Como podem imaginar, foi uma realização mesmo muito difícil! Estava completamente perdido, não podia voltar atrás no tempo e não gostava de fazer aquilo para o qual me tinha preparado durante aqueles anos. Pior que isto tudo:
SABIA QUE NÃO GOSTAVA DISSO, MAS TAMBÉM NÃO FAZIA A MÍNIMA IDEIA DO QUE REALMENTE GOSTAVA!
Hoje dizem-nos que podemos ser tudo o que quisermos. Mas não nos ensinam como.
Vivemos tudo num frenesim de decisões e imposições. Não somos nós quem decide se estamos prontos para fazer um teste, para ser avaliados, para fazer uma escolha ou para o que quer que seja. Não paramos, não pensamos. Nem sequer nos dão tempo de chegar a perceber do que gostamos. Estava perdido. E nesta altura de dúvidas, ansiedade e confusão, a única coisa que sabia que queria fazer era viajar. Não era fazer férias, não era passear, era parar e viajar durante um grande período de tempo. Sair bem para longe da minha zona de conforto! No início não sabia explicar muito bem o porquê e sem dúvida que não sabia como o ia fazer. Mas acho que, na realidade, sabia que viajar me podia trazer as respostas a todas estas dúvidas e indecisões, me podia fazer crescer e conhecer mais sobre mim próprio.
E foi nesta altura que conheci a Associação Gap Year Portugal. Uma associação que pretende promover e incentivar mais jovens portugueses a fazerem um gap year: um período de intervalo no percurso da vida, um período de ruptura onde se quebra a rotina e se sai da zona de conforto. Durante este ano podes fazer o que quiseres! No entanto é esperado que faças coisas diferentes do que aquilo que normalmente fazes, para que possas tirar o máximo de proveito da experiência.
Era mesmo isto que eu precisava, era mesmo isto que eu queria fazer! Esta associação, para promover este conceito, faz todos os anos um concurso. Um concurso onde premeia, com uma bolsa monetária, uma ou duas pessoas para fazer um gap year. Eu participei, e ganhei! O meu plano foi viajar 8 meses pelo continente Americano, do Norte ao Sul. Atravessei 14 países, e onde estive era sempre verão: fui a seguir o verão, a seguir o sol!
Foi nessa altura que nasceu o projecto “follow the sun” e que criei as minhas redes socias – @followthesuntravel e www.followthesun.pt – onde partilhei toda esta experiência.
Comecei este texto a dizer que viajar mudou a minha. Disse-vos que fui viajar à procura de respostas. A verdade é que as encontrei. Viajar deu-me, mais que tudo, tranquilidade. Se antes queria ter as respostas todas de uma vez, viajar trouxeme a tranquilidade de saber esperar por elas. Que acabaram por chegar.
Quando voltei a Portugal, na altura do Verão, fiz aquilo que costumava fazer sempre com os meus primos e amigos: fomos com a carrinha de 9 lugares do meu tio acampar por Portugal. Durante estas semanas percebi que era mesmo isto que gostava de fazer: levar os meus amigos a viver experiências únicas, aventuras, como as que vivo em viagem. E hoje é isso que eu faço profissionalmente, sou líder de viagens pela Landescape: organizo viagens para a Guatemala, Peru, Colombia e Islândia, e levo, quem quiser vir, comigo nessas aventuras!
Mas não faço só isso, uso o instagram @followthesuntral para partilhar a minha experiência e para, acima de tudo, influenciar pessoas a serem, na minha forma de ver, verdadeiros viajantes: a abraçar desafios, conectarem-se com as culturas, perder preconceitos e viver a viagem a 100 por cento 🙂
[Texto: João Amorim]
[Imagens: Cedidas pelo Interveniente]